LEVANTE-SE E DESAFIE A GRAVIDADE ┘ Prof. Dalmo Duque
O
ser humano tem, ao longo da sua existência, muitos inimigos e inúmeros
obstáculos que dificultam suas lutas. São as muitas situações e circunstâncias
do dia a dia, das mais simples às mais complexas, que impedem que ele cumpra
suas tarefas diárias, que conquiste seus objetivos e realize seus sonhos. Mas
de todos esses impedimentos e dificuldades o maior deles talvez seja a Lei da
Gravidade: esse imperativo natural invisível e silencioso que nos mantém
fisicamente presos ao chão e mais profundamente, sob o jugo da força mental, ao
Magma do planeta.
A
lei da Gravidade é um limite geológico que nos obriga a sermos cautelosos com
as coisas do mundo, evitando as quedas físicas e os acidentes naturais, porém,
quando não é desafiada pela inteligência e pelo senso moral, torna-se um
grilhão perigoso contra a dignidade humana rebaixando-nos à condição dos
animais, cuja coluna vertebral na posição horizontal indica submissão e
irracionalidade. Já quando desafiamos a
lei da Gravidade, nossa coluna vertebral se posiciona de forma ereta e nossa
consciência indica que essa posição vertical não permite mais que retrocedamos
ao ponto zero dos graus baixos da evolução; e nos impulsiona constantemente
rumo aos noventa graus da racionalidade.
Mesmo
mantendo a vértebra ereta e permanecendo em pé, as provas e os obstáculos
sempre nos convidam ao recuo e à comodidade do chão, pelo desânimo, medo,
preguiça e falta de auto estima. As quedas sociais e morais geralmente quebram
o nosso vigor vertebral e faz com que a nossa massa corporal se torne mais
densa, tornando o fardo das nossas provas mais pesadas e o jugo das nossas
obrigações mais terríveis e insuportáveis.
Respeitar
a lei da Gravidade é, portanto, uma forma de demonstrar cautela e prudência
diante dos perigos do mundo físico. Porém, diante dos grandes desafios morais e
metafísicos, é preciso sempre desafiá-la com a coragem e a inteligência. Não
para fugir do peso e do jugo e sim para torná-los mais leves e suportáveis. Se
não a desafiarmos nessas situações e circunstâncias mais complexas, a própria
lei vai entender que não somos dignos da liberdade de ação nem de fazer
escolhas; que não queremos alçar voos acima das nossas possibilidades e,
imediatamente, aplica sua marca disciplinar e nos impõe a força contrária, que
nos empurra para baixo.
Tudo
isso acontece sempre que nos depararmos com as provas, momentos mais críticos
da vida nos quais podemos ser envolvidos pela atitude ativa ou então tomados
pela indecisão passiva. Se agirmos, seremos premiados pelas descobertas e
soluções; se não agirmos, seremos torturados pela incerteza e pelas
frustrações. E mais: a nossa indecisão e
recusa de mantermo-nos em pé e eretos geralmente vem acompanhada de dores e de
provas mais rigorosas, próprias do ambiente antissocial e desordenado que criamos
em nosso entorno, pela descrença, revolta e comodidade. Já quando aceitamos o desafio, a Gravidade
entende que não queremos a acomodação, nos liberando numa dinâmica de efeito
elevatório e espiral; ela se afasta, retirando-se com os limites do instinto,
deixando-nos livres e abertos para as muitas possibilidades da razão e da
transformação da consciência.
“Porque
meu jugo é suave e meu fardo é leve” - Mateus-11:30.
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O prof. Dalmo Duque dos Santos é docente da E. E. Margarida Pinho Rodrigues, formado em História e mestrado em Comunicação (UNIP). Ele é autor de vários livros, dentre eles o "Estação Amizade".
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