PINHO|da|VILA
"Pinho" é um apelido carinhoso adotado há muitos anos pelos alunos ex-alunos da Escola Estadual Margarida Pinho Rodrigues, fundada em 1964. Não raro, os ex-alunos da Escola perguntam aos seus ex-professores se “ainda ensinam no Pinho”. Frequentemente, os ex-alunos que não foram nossos discentes, ao ter ciência de nossa atual docência na referida escola, apressam-se em relatar que “estudaram no Pinho”. De fato, pela Escola Estadual Margarida Pinho Rodrigues já passaram várias gerações de estudantes. Em solo vicentino, ela é um celeiro tradicional de talentos, sobretudo, nas artes e na comunicação.
A senhora Margarida Pinho Rodrigues (25/07/1878-15/01/1954), patronesse da escola, protagoniza seu nome na história da Escola não como tributo à pertinência de seu exercício docente à educação vicentina, pois não era professora. Ela foi a doadora do terreno da atual sede da unidade escolar. Seu esposo Lúcio Martins Rodrigues (1876-1970), com quem casou em 1897 e teve oito filhos, era professor e engenheiro. Além de ter sido o segundo reitor da USP, um dos envolvidos na construção do Porto de Santos e diretor de obras da Prefeitura de São Paulo, Lúcio Martins foi o loteador do bairro em São Vicente. Dado ao reconhecimento das doações de inúmeros terrenos por sua citada primeira esposa, o nome dela figura como identificação da nova geografia urbana de São Vicente: a “Vila Margarida” (atual Bairro Vila Margarida).
Não é novidade que a Escola Estadual Margarida Pinho Rodrigues é expressão de sua comunidade escolar: os habitantes da Vila Margarida. Isso não significa se negar reconhecer outros bairros como plena extensão de seu atendimento e identidade educacional a agregar e adentrar outras fronteiras, como ocorre com o Bairro do México 70. Em seis dezenas de anos de legado educacional da Escola na comunidade, ela é, também, testemunha das diversas faces da própria comunidade que assumiu em seu perfil. Em dado momento da história da Vila Margarida, quando os espaços e mobilidades sociais ainda se encontravam em sérios entraves, oriundos de miséria em nível extremo e falta de emprego e renda que alimentava a violência sócio-estrutural, a própria escola via-se marginalizada e, de certa forma, preterida nas intenções de carreira docente ou matrícula discente, se possível.
No entanto, essa condição, que na época se justificava pela marcante violência na rotina da comunidade escolar, remete-nos a perceber a intensidade de inserção da Escola na lógica social e estrutural da comunidade assistida. Ela não era apenas uma instituição educacional na comunidade ou para ela. A Escola Margarida Pinho Rodrigues se identificava com comunidade assistida e assumia sua cidadania, de forma a se somar aos instrumentais, sendo ela de utilidade singular e indispensável, que se empenhava a fazer funcionar a engrenagem da lógica cidadã, da convivência pacífica e urbanismo social. De fato, a Escola tornou-se travessia da dinâmica de esperança, superação e persistência do corpo de habitantes da Vila Margarida. A educação era pensada como oportunidade para fazer da Vila uma experiência de vida melhor e a Escola o seguro transporte a conduzir à estação seguinte. Pessoas-alunos que se tornaram pais de pessoas-alunos e avós netos-alunos. Gerações que se identificavam no sonho da superação e alunado na Margarida Pinho.
A assistência social à comunidade sempre foi o outro braço da Escola Margarida Pinho Rodrigues a ajudar o braço da educação para todos. Seu corpo docente sempre se apresentou como educador e agente social. Seja a memória do passado a contabilidade do inumerável, para nós quando se conta 60 anos, do volume de arrecadação para doação, por parte até de quem depois seria assistido, e dos natais em que a Escola foi a sacola de presente preenchida, de fato, pelas mãos e corações dos apaixonados com a Escola movida pela vibração da empatia.
Nunca foi fácil ser uma Escola na Vila Margarida, para ela e dela. No entanto, é característico dos habitantes desse bairro a marcante alegria, presença espontânea e disposição em participar em prol do bem comunitário. A dificuldade na caminhada da formação de um bairro promissor à cidadania e à educação para todos, nas décadas que se passaram, parecia sem validade diante do sorriso dos alunos ao adentrarem a Escola, como se a tivesse vencido, mas que lhes aguardavam no retorno.
Os que fizeram parte do seu time de alunos em seus 60 anos, hoje fazem notório o respeito à Escola pela prática educacional e pedagógica vivenciadas em suas salas e nos seus gestos de solidariedade, ambos disponibilizados a todos. Sabem que não seria impossível alcançarem o espaço que ocupam atualmente, mas, certamente, teriam ascendidos com dificuldade próxima do impossível sem a formação recebida e conquistada por eles na Escola da Vila.
Verdadeiro tradicional celeiro de talentos, sobretudo nas artes e na comunicação, sem dúvida, a Escola Estadual Margarida Pinho Rodrigues educa! Sim, nós educamos!
Acesse para contato: PINHO|no|MAPA.
Ótima notícia e muitas expectativas.
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